O Brasil foi eleito em Outubro passado para exercer a Presidência do ACNUR, Conselho do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, pela primeira vez na história graças ao exemplo de excelência da Operação Acolhida.
Criado em 1950, após a Segunda Guerra Mundial, o ACNUR, por meio de seu trabalho humanitário, ajuda os refugiados a recomeçarem suas vidas. O Conselho é responsável por coordenar as discussões entre os Estados Membros, determinar as ações prioritárias e aprovar o orçamento do órgão.
Nas últimas décadas os deslocamentos forçados atingiram níveis sem precedência. Estatísticas revelam que até o final de 2019, mais de 79,5 milhões de pessoas deixaram seus locais de origem por causa de conflitos, perseguições e violações graves dos direitos humanos. Hoje, cerca de 1 % da população mundial vive deslocada, contado com 40 milhões de crianças.
O Brasil tornou-se então um exemplo mundial para a acolhida com dignidade de migrantes refugiados.
O Itamaraty disse que a eleição do Brasil reflete o reconhecimento internacional do engajamento brasileiro no campo humanitário, sobretudo em razão das iniciativas tomadas pelo Governo Federal na proteção inovadora a refugiados e na Operação Acolhida.
Criada em 2018, a Operação Acolhida é responsável por receber com dignidade os refugiados e imigrantes venezuelanos, fugidos do País que enfrenta uma grave crise político-econômica, consequência do regime ditatorial de Nicolás Maduro, com êxodo de milhares de pessoas.

A Acolhida baseia-se em três pilares: acolhimento, abrigamento e interiorização e estima-se que por ela, mais de 264 mil venezuelanos entraram e permaneceram no Brasil. Ao entrar no país, o refugiado dirige-se ao posto de recepção e identificação (PRI) e recebe água e lanche enquanto aguarda o atendimento.
O posto controla e organiza o fluxo migratório, realizando expedição de documentos e oferecendo auxílio médico aos migrantes em sua chegada. Em seguida estes são encaminhados para um dos abrigos seguindo com o processo de interiorização. Nesta recepção consta também imunização, emissão de CPF, carteira de trabalho, atendimento social além de proteção e defesa dos direitos humanos.
Os imigrantes recebem três refeições por dia, kits de higiene pessoal e de limpeza, fraldas, aulas de português, atividades para crianças, atividades culturais, lúdicas e recreativas, matéria prima para artesanatos indígenas, tem migrantes indígenas entre eles, provisão telefônica para comunicação com parentes na Venezuela e proteção 24 horas.
Depois da triagem os venezuelanos são encaminhados para várias cidades brasileiras em diversas Unidades da Federação com vaga de trabalho já sinalizadas.
Atualmente, 3,5 mil imigrantes estão amparados nos abrigos de Boa Vista e Pacaraima, em Roraima, e Manaus, no Amazonas. Nesses locais, recebem alimentação, proteção e orientações. Mais de 265 mil migrantes e refugiados venezuelanos solicitaram regularização migratória.
Segundo o Ministério da Cidadania, responsável pela interiorização desses migrantes e refugiados, 44 mil venezuelanos já foram interiorizados com oferta de residência, trabalho e oportunidades em 622 municípios do país. O restante seguiu por meios próprios.
Desde o início de 2020 foram interiorizados mais de 16,7 mil venezuelanos, o que representa um investimento do Governo Federal superior a R$ 630 milhões.
(Com informações do Ministério da Cidadania e Jornal Vera Cruz)